terça-feira, 20 de novembro de 2012

Marcas do tempo


No espelho não mais há
aquela moça formosa.
O que ela vê agora lá
é a face de uma idosa.
Espanta-se aquela que olha
a ponto de assomar ao olho bonito
grossa lágrima que molha
o rosto que ela vê aflito.

Como o tempo passou
tão depressa e tão fortemente?
Onde a juventude ficou?
Diz ela num dorido lamento.
A tristeza invade seu peito,
nem consegue pensar direito.
Não vê que o que aconteceu
é que a juventude se perdeu.

Entretanto, mais que sofrer,
ela não consegue é perceber
o que de mais importante se deu:
se a mocidade arrefeceu,
a plenitude surgiu.
Na madureza
também há beleza,
pois mais que a pele enrugada
e a face que ficou marcada,
vale o quanto aprendeu
de cada momento que viveu.

Assim, devagarinho,
ela se olha de novo no espelho.
Percebe que o que achou velho
na verdade é o carinho
do tempo que marcou a face.
Ele quis que cada linha expressasse
o quanto os olhos já sorriram.

E então a idosa formosa,
já não se vê mais como velha.
É apenas um ser consciente
de que nada é permanente.
E se a graça
da juventude passa,
a compensação é o aprendizado.
Tanto aquele na alma impregnado,
quanto o que ficou no rosto marcado...



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